RELATO DE UM CURSO
DE PASTORAL LATINO-AMERICANA
“Durante
os meses de outubro e novembro realizei o curso de pastoral missionária em
Bogotá, Colômbia. O instituto onde estudei é o ITEPAL, (Instituto Teológico de
Pastoral Latino-Americana), que faz parte do CELAM (Conferencia do Episcopado
Latino-Americano). Realizar este curso tem sido muito importante, porque foi
tempo de graça, de estudo, de reflexão e de oração.
O curso foi dividido em
oito módulos, cada um deles era feito em uma semana, com professores
diferentes. As aulas iniciavam as 8:00 da manhã e terminavam a 1:00 da tarde.
Os
primeiros 4 módulos foram dedicados à história da missão na Igreja desde as
suas origens, e à espiritualidade missionária. No primeiro mês estudamos e
refletimos sobre a caminhada da igreja latino-americana. As grandes figuras que
se colocaram do lado dos índios por serem os mais pobres e explorados. Tal foi
o caso dos bispos: Bartolomé de Las Casas, em Chiapas no México, e Turíbio de
Mongrovejo no Peru, por mencionar alguns.
Estudar e conhecer a caminhada da
nossa Igreja Latino-Americana é tomar consciência de uma Igreja que fez e
continua fazendo a opção pelos pobres e oprimidos. Isto quer dizer um grande
compromisso de luta pela defesa da vida em todas as suas expressões. Como diz o
documento de Aparecida ao numero 26, “Iluminados pelo Cristo, o sofrimento, a
injustiça, e a cruz nos desafiam a viver como Igreja samaritana recordando que
a evangelização vai unida sempre à promoção humana e a autentica libertação
cristã.”
Os últimos quatro módulos foram dedicados ao
contexto missionário e à pastoral latino americana, tudo isso iluminado pelo
documento de Aparecida. Aqui estudamos e analisamos os grandes desafios que
enfrenta a nossa igreja Latino-Americana. Hoje em dia temos um fenômeno que é
muito desafiador que é a urbanização, devido ao fato que quase 70% da população
da América Latina habitam nas cidades. Essa é também uma realidade que vem se
dando também nos últimos anos na nossa Amazônia. Por isso surge a pergunta de
como evangelizar os camponeses, índios, caboclos, nos seus lugares de origem,
mas também, todos aqueles que emigram para as cidades, a procura de melhores
condições de vida.
É aqui o grande desafio da evangelização hoje em dia. Esta
movimentação de pessoas acontece muitas das vezes porque muitas delas são remanejadas
de suas terras devido aos interesses das multinacionais, como é o caso das
mineradoras e hidroelétricas, que estão invadindo Amazônia, Colômbia e muitas
partes da nossa América Latina.
No
Curso de pastoral missionária, os participantes fomos 20, de 10 países de
América latina (Colômbia, Rep. Dominicana, México, Costa Rica, Guatemala,
Honduras, Peru, Chile, Argentina e Brasil). Isto tem sido uma experiência muito
rica, pois estudar juntos uma caminhada de igreja que tem muito em comum faz
com que sintamos a alegria de sermos irmãos “latino-americanos”.
Escutar as
diferentes experiências de outros cantos da nossa América Latina ajuda a que a
nossa experiência missionária seja melhor, por que tomamos mais consciência de
termos uma historia em comum e uma caminhada de igreja, que se manifesta solidária,
reivindicando a sua opção pelos pobres. Como diz o documento de Aparecida, na
sua introdução ao numero 4: “O Evangelho chegou as nossas terras em meio a um
dramático e desigual encontro de povos e culturas”. As “sementes do Verbo”
presentes nas culturas autóctones facilitaram a nossos irmãos indígenas
encontrarem no Evangelho respostas vitais às suas aspirações mais profundas:
“Cristo era o Salvador que esperavam silenciosamente”. “A visitação de Nossa Senhora
de Guadalupe foi acontecimento decisivo para o anúncio e reconhecimento de seu
Filho, pedagogia e sinal de enculturação da fé, manifestação e renovado ímpeto
missionário de propagação do Evangelho”. Vamos colocar a nossa pastoral nas
mãos de Maria a nossa Mãe, para que seu Filho nos dê a força de sermos os seus
discípulos missionários”.
Pe. Martin Mejia sx